Mantendo a chama acesa

“por causa da cooperação que vocês têm dado ao evangelho desde o primeiro dia até agora. Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” – Filipenses 1:5-6

Rev. Dr. J.C. Pezini 

Exatamente no dia 4 de janeiro de 1987 estava sendo ordenado ao sagrado ministério. Trinta e dois anos se passaram, muito rápido. 

Lembro-me como se fosse hoje! Era meu segundo ano de ministério como pastor ordenado. Jovem e entusiasmado, desejoso de ver a igreja crescer e vidas sendo transformadas, fui eleito secretário de evangelização em meu Presbitério. Como parte desta função, trabalhei para realizar uma Conferência de Evangelização. E é claro, sendo o secretário, jovem, fui eu quem pregou na abertura da Conferência. Quem me conhece, sabe que sempre fui apaixonado, pregando com o coração e muita paixão. Ao término do culto fui abordado por um pastor, que já tinha alguns anos de ministério, que bateu em meu ombro e disse: “Aproveite, este fogo passa”. Confesso que fiquei assustado, mas não dei atenção no que ouvi. 

 No entanto, nesta caminhada em parceria com Jesus errei muito e pequei, porque muitas vezes agi por interesse próprio. Achava que era minha a responsabilidade de fazer a igreja crescer. Agi com arrogância, prepotência, resultado do ímpeto de um jovem pastor cheio de sonhos e pouca experiência.  Com isto sei que machuquei pessoas queridas a quem eu amava. Hoje, reconheço que muitos dos pecados por mim cometidos foram porque eu lutava com um trauma que me levava à busca por aprovação das pessoas. Mas, uma coisa é certa, aquele fogo que queimava naquela época continua a arder hoje, após trinta e dois anos de lutas e batalhas, cooperando com o Senhor na pregação do Evangelho e expansão do Seu Reino. 

Todavia, muito me alegro ao olhar para a história de minha vida e perceber que, o Senhor não me tratou segundo meus pecados. Antes, perdoou e me motivou a continuar. E ainda ouço a Sua voz dizendo: “Eu comecei uma boa obra através de você e irei concluí-la até o dia de Cristo Jesus”. Volto a dizer que hoje, aos 62 anos de idade, continuo com a mesma motivação. Eu acredito que isto somente foi e é possível pelo fato de exercitar uma prática espiritual: ter priorizado tempo com Deus diariamente. Entendo que estar com Deus e gastar tempo com Ele para conhecer Sua vontade é a nossa primeira tarefa como pastor. Todas as demais terão que acontecer como consequência desta. Não podemos negociar e nem inverter tais valores e prioridades. 

 Mesmo hoje, já com 32 anos no ministério pastoral de tempo integral, continuo aprendendo a liderar e a ser parceiro do Senhor. Preciso ouvir Sua voz todos os dias e desejo que Ele me direcione diariamente de acordo com Sua bendita vontade.  Agradeço a Deus por acreditar em quem ninguém acreditava e, confiar em alguém com tantas falhas e limitações. Ser pastor é, de fato, um grande privilégio! Temos lutas e provações, mas elas são necessárias para compreendermos que nossas vidas e ministérios dependem DEle e não de nossas competências. 

Não poderia deixar de mencionar, após estes 32 anos de ministério pastoral e desfrutando da mesma paixão e sonhos, que somente venci as lutas e provações por ter uma mulher ao meu lado que sempre viu meu ministério como o dela também. Que minhas responsabilidades foram as delas também. Quando sentia o peso da responsabilidade e muitas vezes me via frustrado, ela me acariciava e motivava a olhar para frente. Estamos casados há 43 anos e, nunca vi a Odete – minha esposa – triste ou a ouvi reclamar. Certamente ela ouviu muitas críticas, mas nunca as trouxe a mim. Sempre viu a igreja como o lugar onde Deus nos colocou para servir. Sem o apoio dela seria impossível manter a chama acesa. 

Hoje, renovo minha aliança com o Senhor: Amá-Lo acima de todas as coisas e, em segundo lugar, amar Sua igreja assim como Cristo a amou. Desejo continuar como instrumento nãos mãos dEle até o dia em que me chamar para a glória eterna. Enquanto isto não acontece, continuo sonhando e vivendo cada dia, vendo que o fogo que começou a queimar continuará acesso porque suas chamas continuam recebendo óleo diariamente.